segunda-feira, 9 de maio de 2011

Breve introdução à filosofia

A Filosofia sempre é alvo de discussões acaloradas, seja pelos que não entendem nada dela, seja pelos que buscam entendê-la ou os que pretensamente já sabem. Ter atitude filosófica significa não deixar que a vida cotidiana nos engane com sua aparência. Aliás, as aparências na realidade são o que mais nos enganam quando deixamos de lado uma atitude que envolva um pensar mais elaborado e crítico. Às vezes somos levados pelos pensamentos que certamente não proporcionam uma lógica de raciocínio. Por exemplo: suponhamos que na elaboração do meu pensamento procuraria somente entender o mundo por aquilo que somente o meu pensamento me diria sem nenhum direcionamento.

Certamente poderia até viver uma vida feliz sem Filosofia. Mas será que chegaria a algum lugar, sem procurar refletir sobre o que elaborei, sobre se aquele pensamento está correto ou não. Certamente precisarei refletir sobre este pensamento. Através desta reflexão já estarei utilizando as características da Filosofia. Afinal todos os que passam a refletir detidamente estão tendo uma experiência filosófica. Mas será que todos somos filósofos então? Esta é uma pergunta bastante interessante, pois se todos somos filósofos, para que então estudá-la? Poderíamos até responder a esta questão com uma boa dose de lógica: estudá-la para entender o seu significado. Acredito que tal resposta não seja totalmente satisfatória, pois apreender em forma de conceitos a filosofia não nos dará certamente o objetivo a que ela se propõe. Talvez seja possível, na melhor das hipóteses entende-la, por aquilo que os pensadores disseram ou ainda pela forma como o pensador propôs o seu significado.

Mais concretamente talvez possamos entender melhor a Filosofia buscando atitudes filosóficas na nossa vida cotidiana. Certo é que se nos confrontarmos diretamente com ela teremos uma imensa repulsa. Mas quando nos abrimos e deixamos que o seu significado atravesse as nossas ações, as nossas reflexões. Em nossas vidas estaremos já apresentando uma atitude filosófica mais profunda do que simplesmente questionar as coisas por questionar.

Avançando um pouco mais no processo que chamamos de reflexão podemos afirmar ainda que a Filosofia pretende ser a controvérsia, a polêmica, no meio de tanto pensamento que pretende ser mais útil que outros. O pensamento filosófico é daqueles que aprendemos de forma demorada, mas duradoura. Ele é um tipo de cultura que se afasta da “cultura lixo”. Formalizando este ponto, e filosoficamente falando, ele é um pensar profundo, abundante, totalizador, crítico, contestador, elaborado, racional e sempre inovador.

O pensamento filosófico é profundo porque alcança as raízes do pensamento (pesquisar mais sobre se isto é verdade). Ele é abundante porque procura ser completo, não resumido. Ele é totalizador porque procura alcançar o máximo da sua representação. É crítico porque analisa o significado das coisas. É contestador porque se contrapõe a um tipo de pensamento ingênuo e dominador. É elaborado porque traz em si característica de ser completo, por conseqüência complexo. É racional, pois é o que dá ao ser humano a capacidade de pensar logicamente. Enfim, é inovador porque assim que surge uma forma nova de pensar não está fora do pensamento filosófico. Dando assim a possibilidade ao pensamento filosófico ter novos ares.

É exclusivo de a filosofia proporcionar o conhecimento em suas múltiplas faces. Refletir de forma profunda sobre os mais diversos temas.

“Não há nenhuma outra instância onde se reflete sobre o fundamento e os limites do conhecimento, tratando de gerar critérios sobre a distinção entre conhecimento fundamentado e não fundamentado e de tirar fora o ‘obscurantismo’ e a ‘mistificação’ da ciência; nenhum outro âmbito onde se reflete sobre problemas éticos, estéticos, antropológicos, sócio-históricos e culturais, procurando um antídoto contra o dogmatismo, o fanatismo e a intolerância”.

“Uma instância, além disso, onde se desenvolvem as capacidades de argumentação e discussão de idéias explicitamente fundamentadas e com elucidação dos princípios e supostos implicados como modelo privilegiado de qualquer análise, elucidação e avaliação de supostos de um discurso que inclua princípios gerais”. “Tudo isto faz dos cursos de Filosofia uma instância insubstituível na estruturação de uma atitude de abertura mental, de análise, de fundamentação e de exigência de fundamentação, que são imprescindíveis para a participação responsável e livre em uma sociedade democrática” (Navia: in: criticanarede.com). Ela pode também proporcionar “(…) reflexão sobre as condições sociais, culturais e ideológicas que rodeiam e incidem sobre a educação e muito principalmente sobre o ensino desta atividade crítica radical e globalizadora que é a Filosofia” (NAVIA, 2005).

Há que se observar que a filosofia busca os fundamentos em que estão assentados sobre toda a realidade. É lícito observarmos que na nossa sociedade o que geralmente se cultiva nem sempre tem um valor cultural aceitável para que se possam compreender aspectos estudados pela filosofia.

“Na esfera cultural o panorama - em princípio - não é mais alentador: carentes de livros, das fundamentais enciclopédias (que a nossa geração conheceu) e de jornais, os adolescentes - e seus pais - se afundam numa TV de baixíssimo nível cultural, cultivadora de toda a classe de simplismos e imediatismos, onde inclusivamente não escasseiam as mensagens contra-culturais e anti-intelectuais. A abertura que poderia significar o mundo informático resulta também inútil: sem guias, sem docentes que selecionem e coordenem os "sites" de valor cultural, os jovens se submergem nos locais mais banais de limitadíssimos recursos culturais e lingüísticos ou se limitam a uma conversação empobrecida e anônima que antes se desenvolvia de forma mais enriquecedora.

O efeito deste entorno "cultural" sobre o ensino da Filosofia é também importante uma vez que esta requer uma certa base de cultura geral e certas capacidades lingüísticas e de abstração, que nestas condições tendem a ser substituídas por um pensamento concreto e imediatista, e uma linguagem empobrecida, com os quais é muito difícil abordar problemas metateóricos ou abstrair os fundamentos e os princípios.(…) Em realidade, mais que de uma cultura do pósmodernismo, trata-se de uma cultura da frustração reiterada das promessas de mudança sobre a base de décadas de autoritarismo antipopular, que tende a produzir uma espécie de paradoxal pósmodernismo em sociedades não industrializadas e fortemente estratificadas. O certo é que se assiste a uma perda dos projetos utópicos e coletivos, o que gera niilismo, imediatismo, individualismo, depressão e corrupção:
  • cínico "cada um por si";
  • uma sensação real de que as grandes decisões são tomadas em distantes centros de poder, o que gera uma paralisante sensação de impotência e ceticismo;
  • uma perda do papel nivelador da educação, depreciação do esforço de longo prazo e desprestígio da figura docente, que já não opera como modelo de identificação;
  • o homem de expediências ou o jovem com olfato oportunista é o modelo de identificação difundido pelos meios” (NAVIA, 2005).

Filosofia segundo os filósofos

Os alunos me questionavam sobre o que o filósofos diziam, que conceitos construíam sobre a filosofia. Partindo desta linha de raciocínio elaborei este texto incluindo uma série de definições ou pensamentos sobre filosofia. Talvez seja uma forma de encontrar os caminhos da filosofia ou encontrar uma maneira de filosofar.

Na antiguidade Platão escreveu sua opinião sobre a origem da filosofia: “É absolutamente de um filósofo esse espantar-se. A filosofia não tem outra origem”.
Aristóteles a considerava muito mais ciência: "É evidente que a sabedoria [sofia] é uma ciência sobre os princípios e causas.”; “…foi pela admiração que os homens começaram a filosofar…”

Marco Aurélio em 'As meditações' afirma: "Mantenha-se bom, puro, sério, livre de afetação, amigo da justiça, gentil, apaixonado, vigoroso em todas as suas atitudes. Lute para viver como a filosofia gostaria que vivesse." (Marco Aurélio; The Meditations, VI, 30).
Baruch Espinoza, pensador moderno, destaca que "A filosofia é um caminho árduo e difícil, mas pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade".
Maurice Merleau-Ponty: "A filosofia é um despertar para ver e mudar o nosso mundo".
René Descartes: "Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos fechados sem nunca os haver tentado abrir".
Blaise Pascal: "Fazer troça da filosofia é, na verdade, filosofar".
Paul Valéry: "Meditar, em filosofia, é nos encaminharmos do conhecido para o desconhecido, e aqui defrontar o real".
Friedrich Nietzsche": O esforço dos filósofos tende a compreender o que os contemporâneos se contentam em viver"; "O filósofo, como o entendo, é um explosivo terrível na presença do qual tudo está em perigo".
Cícero: "Ó filosofia, guia da vida!"; "Não há nada de tão absurdo que não saia da boca de algum filósofo"; "Sócrates foi o primeiro a evocar a filosofia do céu à terra, deu-lhe a cidadania nas cidades, introduziu-a também nas casas e obrigou-a a ocupar-se da vida e dos costumes, das coisas boas e das más".
Epicuro: "Se queres a verdadeira liberdade, deves fazer-te servo da filosofia".
Friedrich Schlegel: "Só é possível tornar-se filósofo, não sê-lo. Assim que se acredita sê-lo, cessa-se de se tornar filósofo".
Friedrich Novalis: "Na verdade, a filosofia é nostalgia, o desejo de se sentir em casa em qualquer lugar".
Sêneca:"A filosofia ensina a agir, não a falar"; "Os costumes dos filósofos não estão de harmonia com os preceitos; mas se não vivem como ensinam, ensinam como se deve viver".
Francesco Petrarca: "'Pobre e nua, vai, Filosofia', / diz a multidão pensando no ganho vil"
Marquês de Maricá: "Os filósofos vivem em disputa e morrem na dúvida". "A razão dos filósofos é muitas vezes tão extravagante como a imaginação dos poetas"; "O erro máximo dos filósofos foi pretender sempre que os povos filosofassem".
André Gide:"Quando um filósofo completa uma resposta, já ninguém se lembra qual foi a pergunta".
Guerra Junqueiro: "O filósofo observa e medita. É um espelho que pensa".
Giacomo Leopardi: "Não existe maior indício de ser pouco filósofo e pouco sábio do que desejar uma vida inteira de sabedoria e filosofia".
Johann Gottfried von Herder: "Se a filosofia deve ser útil aos homens, deve fazer do homem o seu fulcro".
La Rochefoucauld:"A filosofia triunfa facilmente sobre os males passados e os futuros; mas os males presentes triunfam sobre ela".
Henry Thoreau: "Nos dias de hoje, existem professores de filosofia; mas não filósofos".
Epicteto: "Qual é a primeira coisa que deve fazer quem começa a filosofar? Rejeitar a presunção de saber. De fato, não é possível começar a aprender aquilo que se presume saber".
Karl Marx: "Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo".
Immanuel Kant: "Não se ensina filosofia; ensina-se a filosofar."
(Cf. FILOSOFIA, 2011)


Bertrand Russell, conforme relatado por Simon Singh: "Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe!" ( Big Bang - Editora Record - Rio de Janeiro / São Paulo - 2006, pág. 459). (FILOSOFIA, 2011).

Noutro sentido, A. Gramsci amplia o campo de radiação de quem seja o filósofo, afinal, todos realmente podem ser: “não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que não pense precisamente, porque pensar é próprio do homem com tal.”

K. Popper: Falando sobre a filosofia antiga: “A única explicação parece ser que o próprio fundador da escola tenha desafiado os seus discípulos a criticarem sua teoria e que eles tenham transformado esta nova atitude crítica de seu mestre em uma nova tradição”.

Para Gerd Bornheim, pensador brasileiro a Filosofia é:
“O resultado da atividade da razão humana que se defronta com a totalidade do real”.

Para Battista Mondin, pensador italiano:
“Um conhecimento, uma forma de saber e como tal, tem sua esfera particular de competência; sobre esta esfera busca adquirir informações válidas, precisas e ordenadas.”

Marilena Chauí, Pensadora brasileira define os traços da atividade filosófica como:
“Tendência à racionalidade… Recusa das explicações estabelecida… tendência à argumentação e ao debate para oferecer respostas conclusivas para questões… Capacidade de generalização.”(p.27)
E destaca que a filosofia é: “Fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas.” (p.23).

Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins (Professoras brasileiras) em Filosofando: Introdução à filosofia afirmam que:
“…A filosofia é sobretudo uma atitude, um pensar permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído.” (p.72)
Maria Lúcia de Arruda Arranha e Maria Helena Pires Martins indicam em Temas de Filosofia que:
“Ela é, antes de mais nada um modo de se colocar diante da realidade, procurando refletir sobre os acontecimentos a partir de certas posições teóricas. Essa reflexão permite ir além da pura aparência dos fenômenos, em busca de suas raízes e de sua contextualização em um horizonte amplo”. (Temas de Filosofia, Aranha, p.77).

Antônio Xavier Teles afirma que:
“…A atividade filosófica mais importante consiste no esforço sincero e na procura inteligente de soluções para os problemas que afligem a época em que vivemos… O interesse primordial da filosofia é com os problemas não resolvidos.” (p.7).

Arcângelo R. Buzzi indica que (Pensador brasileiro):
“Subjetivamente a filosofia consiste no esforço de avivar a luz natural permanente ao nosso ser. Recordar a sabedoria da vida não é acumular informações eruditas nem muito saber. É voltar-se para a luz que já somos. É a arte de pensar por nós mesmos. É um pensar autocorretivo, que investiga a si mesmo com o propósito de pensar melhor.”(p.8)

A filosofia para Agostinho José Soares (pensador brasileiro):
“…na antiga Grécia. preocupava-se com os princípios primeiros de nossa existência e da realidade total (In: V.V.A.A, Introdução ao Pensamento Filosófico, p.13).
…A cada conclusão no exercício filosófico , corresponde a uma nova dúvida, e a cada dúvida um problema. Portanto, refletir filosoficamente é refletir extensa e intensamente” (p.15)
“…Quando pensamos refletidamente (pensar é agir interiormente, operacionalizar internamente) estamos fazendo filosofia” (p15).
… “Então quando é que fazemos reflexão filosófica? Será quando nossa reflexão for radical (buscar a origem do problema), crítica (colocar o objeto do conhecimento em um ponto de crise) e total (inserir o objeto da nossa reflexão no contexto do qual é conteúdo)” (p.22).

Para Maura Iglésias (pensadora brasileira) na introdução do texto Curso de Filosofia apresenta breve exposição indicando:
“Filosofia é uma palavra de origem grega (Philos = amigo; Sophia = Sabedoria) e em sentido estrito designa um tipo de especulação que se originou e atingiu o apogeu entre os gregos, e que teve continuidade com os povos culturalmente dominados por eles: Grosso modo, os povos ocidentais” (Rezende, p.12).
A mesma autora retrata, destacando o pensamento de Aristóteles, como características do “saber filosófico: 1- É um saber de ‘todas as coisas’, um saber universal, num certo sentido nada está fora do campo da filosofia; 2- É um saber pelo saber, um saber livre e não um saber que se constitui para resolver uma dificuldade de ordem prática; 3- É um saber pelas causas; o que Aristóteles entendo por causa não é o que nós chamamos por esse nome, de qualquer forma, saber pelas causas envolve o exercício da razão, e esta envolve a crítica: o saber filosófico é, pois um saber crítico”. (Rezende, p. 13)

Gianfranco Morra (pensador Italiano) destaca que a filosofia considera “os objetos da experiência, mas não se limita à experiência ou a soma das experiências. A filosofia é muito mais um modo diverso e inconfundível de entrar em contato com a experiência, é uma tentativa de ultrapassar a experiência imediata para colher algo de maior e mais profundo” (Morra, p.12).
Morra indicando que “a experiência não pode ir além: ela é incapaz de superar o plano descritivo da imagem. É somente o intelecto – órgão do conhecimento filosófico – que pode obter, com uma abstração mental o conceito de ‘cera’, que permanece sempre idêntico apesar das transformações do pedaço de cera”. (Morra, p.13)
Neste sentido considera-se que a filosofia é um “saber sintético”. “Por definição a filosofia é um conhecimento do absoluto, ainda que se tenha consciência de que o absoluto é inexaurível e todo nosso conhecimento dele, incompleto.” (Morra, p.13)
Morra considera ainda que a filosofia é essencialmente um “saber crítico”, que “não possui um objeto específico” (Idem).
“A filosofia é crítica enquanto refuta a evidência imediata. É uma mediação crítica. Por isso ainda outro caráter: é um conhecimento desinteressado do real” (Idem,15).

Para Roberto Rossi: (pensador Italiano)
“ …se o mundo dos outros e o nosso mundo …realidades expostas sem o poder de despertar surpresas em nós, a filosofia jamais teria nascido, nem o pensar e, conseqüentemente, nem a descoberta, a vontade de pesquisar, as tentativas de solução, o próprio mundo da cultura e da história humana” (Rossi, p.10).
“Filosofar não é simplesmente dar uma opinião, mas fundamentar, objetiva e universalmente, as próprias teses, argumentando a partir delas, para sistematizá-las em coerência com as leis do pensamento e as averiguações esperimentais”(p.13)
“…A Filosofia fundamenta tanto o próprio conhecer como as próprias decisões práticas. Ela, na verdade, expressa no seu raciocinar, na sua reflexão, as suas argumentações, a peculiaridade da existência humana, a própria essência do homem, a sua soberania no universo. A ausência do pensamento filosófico representa a confiança exclusiva na experiência subjetiva, particular individual, interesse de cada um, na emotividade, na irracionalidade, no imediatismo. E isso torna difícil também a comunicação, fechada numa visão tacanha, sem referenciais objetivos, universais, e por isso mesmo, aptos a revelar significados nos quais todo ser humano se possa reconhecer como tal” (p.14)

Miguel Reale (pensador e jurista brasileiro) destaca que a filosofia:
“…Procura sempre resposta a perguntas sucessivas …numa busca incessante de totalidade de sentido, na qual se situem o homem e o cosmos.” (Introdução à Filosofia, Reale, p.4).
“A filosofia é…um conhecimento que converte em problema os pressupostos da ciência” (p.7).
“Eis aí uma noção geral do que entendemos por filosofia, como estudo das condições últimas, dos primeiros princípios que governam a realidade natural e o mundo moral, ou compreensão crítico-sistemática do universo e da vida”. (p.8).

Gilles Deleuze e Félix Guattari (pensadores franceses) apresentam em “O que é Filosofia?” uma definição espantosa:
“A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos.” (O que é Filosofia, Deleuze, p.13). Não acreditando que a filosofia seja contemplação, reflexão ou comunicação, os autores destacam que a filosofia seja “conhecimentos por puros conceitos” (15).

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Blog religião e sociedade

Veja também este blog, que fiz dias atrás e que apresentam textos sobre a questão da religião. É claro que ele é influência, e por sinal muito boa, do mestrado em ciências da religião da Unicap. Está ainda em fase de elaboração.
Minha intenção é trazer algumas ideias sobre a questão religiosa e suas influências na sociedade. Apresentar elementos históricos que possam explicar esta profunda relação.
Há outra influência, que é a do meu projeto de dissertação, está mais que clara. Procurarei não ser muito técnico neste blog, pois quanto mais clareza melhor.

Filosofia crítica

O elemento crítico da filosofia, em sua exigência de clareza, recusa a condição de opinião. Tal busca procurava explicar a verdade desde os diálogos de Sócrates, escritos por Platão. O senso crítico se opunha às condições do pensamento do senso comum grego. Ou seja, as meras opiniões foram sendo descartadas. O válido para o filósofo é o refletido, o preciso, o coerente, o sistemático.

A filosofia valoriza a busca pelo saber, sem a pretensão de se tornar dono dele. Ela é uma forma de conhecimento que não se destina a concluir os acontecimentos, mas demonstrar os caminhos traçados pelos que se arriscaram nesta busca.

Ela critica as diversas formas de saberes, bem como seus meios para se chegar a resultados no processo de conhecimento. Um dos objetivos da filosofia é mediar este processo através de discussões que possam alcançar a um novo patamar, do ponto de vista teórico.

Conhecer significa, portanto, identificar e descrever a realidade claramente, tendo em vista todas as suas possibilidades. Como a realidade é infinita e o conhecimento humano limitado, faz-se necessário minimizar tal distância através da reflexão filosófica.

E é nestes limites que se pode buscar as possibilidades. Quando se sente insatisfeito com o saber, proporciona ao conhecimento novo momento com críticas e reelaborações.

Não há insatisfação que nos angustiam, mas a insatisfação que nos deixam inquietos diante do que não sabemos. Neste aspectos podemos citar Sócrates que ao incentivar o diálogo em busca do saber tinha coragem de afirmar "Só sei que nada sei."

O que a Filosofia pretende fazer é questionar o que se aceita sem críticas. Geralmente aceitamos tudo sem pensar, envolvendo-nos em processos ideológicos que não deixam pensar reflexivamente.

Quando fazemos perguntas sobre o significado da vida, dos direitos, da liberdade e da política estamos tentando alcançar os seus sentidos pensando filosoficamente. Quando perguntamos em que bases se sustentam a vida, os direitos, a liberdade e a política estamos avançando nos questionamentos sobre este pensamento, estamos tentando alcançar os fundamentos. Este é um dos princípios da Filosofia: buscar o fundamento das coisas.

Sempre que criticamos o conhecimento partimos da ideia de que é difícil de se entender, e para tanto não se vê valor neste tipo de conhecimento . Porém a dificuldade não descarta a possibilidade da sua importância.

O fato de ser um pensamento crítico, existe a falsa ideia de que a Filosofia é simples digressão e não conclui absolutamente nada. É claro que ela não depende de evidências, nem de nenhuma outra doutrina, método ou fórmula que a enclausure. Deve ser por isto que o elemento crítico da filosofia causa tanto espanto.

sábado, 30 de abril de 2011

Origens da filosofia antiga

Do ponto de vista objetivo, os pensadores gregos tinham claro o que queriam dizer. O que nos interessa num primeiro momento é reconhecer a estrutura desta maneira de pensar. A forma dos filósofos se comunicarem é novidade, mas indicavam influência direta dos mitos. A sua lógica, restrita e unificadora, tinha pressupostos racionais indiscutíveis.

Os Pensadores Originários ou pré-socráticos estavam preocupados com a geração e corrupção das coisas. O surgimento e o desaparecimento das coisas na natureza proporciona um sério questionamento. A pergunta inicial é: De onde pode vir toda essa quantidade de elementos que formam a natureza e de que forma eles se sustentam?

Um princípio, uma origem, um iniciador do processo de geração das coisas. Eram essas as preocupações iniciais do Pensamento que depois veio a se chamar de Filosofia. Na sua origem a Filosofia já se torna crítica, pois os elementos que toma como proposta são questionadores. Há aqui uma busca racional para o encontro com as respostas a serem dadas destas questões.
A constante busca da origem incita os pensadores a estabelecerem como primeira forma de explicar o cosmos, os elementos da natureza. A princípio os pensadores indicam um elemento como formador do cosmos (Tales, Anaximandro, Anaxímenes). Existe uma ideia de movimento que do elemento primordial se auto-transforma em outros para a continuação do processo gerador (Heráclito). A origem também é explicada com a pluralidade de elementos (Empédocles e Anaxágoras). São dadas formas eternas aos elementos originários. Esta eternidade é postulada tendo em vista a sua possibilidade de modificação e permanência. A mudança não é única na formação do cosmos. O Ser é compreendido como esta necessidade da permanência (Parmênides).

É nos elementos da natureza que se encontram as respostas dadas pelos mitos, aos questionamentos sobre a vida. Para compreender o modo de vida grega os mitos são fundamentais. Eles demonstram uma capacidade de encontrar respostas para a sua condição de vida, através de explicações mitológicas bem elaboradas. Talvez possamos até dar a esta primitiva forma de "racionalidade" a responsabilidade inicial de encontro com a origem, embora que de forma mítica.

Dar uma única interpretação para explicar esses pensadores se constitui numa limitação (e até poderíamos dizer redundância), pois as suas formas de pensamentos foram diversas. Estas diversificações de pensamentos é que tornou a filosofia muito rica e aberta. Esta abertura indica um caminho que em certo sentido proporciona a condição necessária para o filosofar. Na formação inicial do pensamento filosófico observa-se uma conformação racional única e fundamental. Esses elementos são a fundamentação da filosofia. Portanto a diversidade, a abertura e a racionalidade dão uma firmeza à condição potencial da filosofia.

Uma elaboração inicial que dê a confiança de se tornar explicação do cosmos, das condições gerais da vida grega e das implicações religiosas torna-se necessidade. As confrontações surgidas das condições sociais da Cidade-estado, das eloquências proporcionadas pelas assembleias e das discussões originadas da democracia produz um efeito que dará à vida grega uma diferença fundamental: a de perceber distâncias, condicionar amplitudes, sentir o significado da moral, propor orientações baseadas na abertura.

A racionalidade é a diferenciação da Filosofia em relação ao pensamento mitológico. Diferença que se tornará frequente já entre os primeiros pensadores. Tales afirma a água como esta origem. Daí não dá para perceber a diferença entre a água de Tales e o Oceano originador das coisas do pensamento mítico. A diferença está no princípio. Tales dá como resposta última a própria afirmação, característica da racionalidade, enquanto que os Oceanos do pensamento mítico são condicionados e justificados pelos deuses. A resposta está em que a Filosofia usa a racionalidade como justificação e os mitos usam o sobrenatural.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Hegel

Os escritos teológico-religiosos tiveram grande importância no sistema hegeliano. A questão religiosa foi o ponto central do seu sistema. A partir do questionamento sobre “qual a essência da religião e procurando interpretar o sentido das diferentes formas pelas quais ela se manifestou na história” é que Hegel definiu o eixo no qual deveria girar todo o seu sistema. (Reale, 1991, p. 98).

Hegel considerou a religião grega harmoniosa na relação entre indivíduo e sociedade e a religião judaica contrastante. O cristianismo foi uma conciliação entre essas duas religiões. O amor é responsável por esta mediação. Aqui se observa um pouco da dialética de Hegel: “a cisão da realidade em opostos e a conciliação da cisão em síntese superior”. (Ibid., p. 99).

Nos escritos teológicos o cume da vida espiritual não é a filosofia, mas a religião. “Logo depois, Hegel inverteria os papéis: a Razão passa a exercer a função antes atribuída ao Amor”. (Ibid.). Os dogmas cristãos são considerados a base de seu sistema. Ele atribui à filosofia, especialmente ao seu sistema, a função de interpretar de modo verdadeiro a mensagem de Jesus, e afirmando ser o judaísmo responsável pela traição ao cristianismo.

É importante assinalarmos algumas chaves de leitura do pensamento de Hegel:
  1. a realidade enquanto tal é infinita;
  2. a estrutura que é a própria vida do espírito, onde se desenvolve o saber filosófico é dialético;
  3. a dialética possui um elemento especulativo em que marca o pensamento filosófico.

A realidade e o verdadeiro não são substâncias, mas sujeito, pensamento, espírito, atividade, processo, movimento, auto-movimento. “O Espírito se autogera gerando ao mesmo tempo a sua própria determinação e superando-a plenamente”. (Ibid., p. 102). O Espírito é infinito, ativo e realizando-se como contínua colocação do finito, e ao mesmo tempo superando-o. “Para Hegel, o infinito é a realidade mesmo enquanto ilimitada, potência de realização, isto é enquanto absoluto” (Abbagnano, 1982, p. 439). O verdadeiro infinito nega a realidade do finito como tal e o resolve em si: o verdadeiro infinito é aquilo que é, a realidade. É a realidade no sentido mais elevado. O infinito é a “força da existência”. (Ibid., p. 537). A realidade pode ser considerada “uma das categorias da lógica de Hegel: ‘… é a unidade imediata, que se produz, da essência e da existência que se atuou como existência, ou do interior ou do exterior’”. Ela é “a essência que se atuou como existência, ou o interior que se manifestou efetivamente no exterior”. (Ibid., p. 801).

J. W. F. Hegel entendia o absoluto como a síntese dialética do sujeito (pensamento) e do objeto (ser). “Se a essência da realidade é razão, então a razão é realidade. Isto significa: se o real é racional, então o racional é real”.(Bússola, 1993, p. 40). A ideia do real é cheia de conteúdo. “Hegel entende que a mais importante de todas as categorias é a relação pelo simples fato que tudo é relação, e o contraste ou contradição é a mais universal das relações”. (Ibid., p. 40-41). Ele se considerava um idealista absoluto, neste sentido as ideias são o que fundam a realidade última. P. Singer nos diz que as idéias, no sentido hegeliano, são nossas mentes ou pensamentos (Singer, 2003, p 95). Pensado assim o idealismo representa uma oposição ao materialismo. O ideia é o que aperfeiçoa a matéria no mundo.

“Segundo a lógica hegeliana, o mundo real é essencialmente um mundo potencial, isto é, em contínua mudança, e, portanto um mundo aberto para o infinito, pois não há limites para a potencialidade”. (Bússola, 1993, p. 41). Esta potencialidade é o vir-a-ser que dá à experiência a infinitude, enfim a idéia é infinita. O mundo está em constante mudança, ele é potencial. “A idéia é o absoluto (Deus) porque é infinita”. (Bússola, p. 41). Nesta relação dialética temos o constante vir-a-ser da realidade. O amanhã é causa do que existe hoje. Desta forma Hegel afirma que temos:

* O modo de ser do agora – que ele chama de tese, isto é a ideia em si;

O possível modo de ser diferente – que ele chama de antítese, isto é a ideia fora de si (no mundo na natureza);

O real e novo modo de ser de amanhã – que representa a síntese, isto é o produto desta evolução (o Espírito).

Não há final para o processo dialético. Sendo infinito, tudo se torna provisório. O espírito possui três aspectos:
  • Espírito subjetivo (a pessoa humana), o indivíduo;
  • O Espírito objetivo (Sociedade), sociedade civil e Estado Nacional;
  • Espírito Absoluto (Idéia universal – Deus).
Na questão de valores o indivíduo tem menos valor e… “acima de tudo está o absoluto que se torna presente à sociedade civil mediante o Estado nacional”. O estado é proclamado como osupremo representante do Deus invisível.Democracia não tem sentido nesta concepção, pois é “quantidade sem qualidade”, só tem valor “o governo que se identifica com o Estado”. (Bússola, 1993, p. 42). O ditador é a figura plenamente representativa do Estado Absoluto. Na ordem lógica temos primeiro a idéia depois a “sua realização transitória e caduca, mas evidente, cada vez mais aperfeiçoada, pois está em contínuo vir-a-ser. Na ordem ontológica, porém, o Infinito, o Absoluto, enfim, a idéia, como única e exclusiva realidade das coisas, não existem para além do finito, do criado, mas supera-o, anulando-o em si própria” (Ibid.). Isto lembra o “panta rei” (turdo é um) de Heráclito.

Hegel, em seu idealismo, procura superar as concepções que separavam as realidades subjetivas das objetivas. A pergunta então será o que é afinal o idealismo? Bussola resume da seguinte forma: "É uma doutrina filosófica que afirma que somente podemos conhecer com a certeza nossas idéias ou seja, o mundo interior da nossa consciência, o mundo da subjetividade” (Ibid., 1993, p. 43). Pitágoras apresentou um mundo inteligível oposto ao mundo sensível. Platão via que as idéias são princípios originais da realidade. Para Kant a realidade objetiva é ideia, “que só existe enquanto representa um ‘espírito que pensa’” (eu, consciência), e há “uma realidade em si à qual o espírito humano impõe suas formas” (Ibid.). Seu idealismo absoluto, sugere que nada pode existir fora do espírito. Este idealismo absoluto representa uma mediação para a filosofia do espiritualismo. “Estamos novamente na direção do platonismo, que havia estabelecido uma identidade entre ideia como objeto inteligível e a inteligência como tal” (Ibid.).

O pensamento de Hegel parece demonstrar a natureza íntima do ser humano, o que há de mais íntimo neste ser que é a consciência-de-si fazendo-se auto-consciente. Hegel demonstra também as possibilidades racionais do ser humano, absolutizando suas principais características: A observação da objetividade e da subjetividade. De certa forma há a superação das condições dadas pela objetividade e os limites da subjetividade. A direita e a esquerda hegeliana foram os pensamentos que perduraram. Porém, é na filosofia da esquerda hegeliana que houve melhores frutos para o pensamento filosófico.

Referências:

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Do Romantismo aos nossos dias. São Paulo: Paulus, 1991, [v.3].
Bussola, Carlos. As correntes filosóficas contemporâneas. In: V.V.A.A. Introdução ao pensamento filosófico, 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1993.
Abbagnano, Nicola, Dicionário de Filosofia, São Paulo: Mestre Jou, 1982.
Singer, Piter. Hegel, tradução de Luciana Pudenzi, São Paulo: Loyola, 2003. [col. Mestres do Pensar].

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Filosofia socrática

Sócrates, considerado uma das figuras imortais da história, condenado à morte e executado em 399a.C. Muitas ideias éticas e religiosas passaram a invocar o seu nome. O significado espiritual de seu pensamento ainda permanece vivo, apesar de não ter deixado nenhuma obra escrita. Sobre Sócrates e seu pensamento, tanto Platão e Xenofonte quanto Aristóteles deixaram os diálogos referentes a ele. É dele uma criação literária do Séc. IV, que valoriza o indivíduo de forma extrema. O exemplo de Sócrates provocou uma mudança no conceito de Arete (virtude). A sua vida tornou-se o símbolo da filosofia grega. O que caracteriza os diálogos socráticos, escritos por Platão, é a forma de perguntas e respostas. O diálogo é a forma primitiva de pensamento filosófico e o único caminho para chegarmos a entender os outros.

O pensamento de Sócrates, traçado por Aristóteles, indica que ele procurava investigar conceitualmente a essência permanente do bom, do belo, do justo. Ele procurava encontrar um ponto firme e estável no mundo moral do Homem. É nos conceitos que Sócrates assenta a nossa existência de seres morais. Nela, a realidade não flui, mas verdadeiramente é, permanece imutável. Em Sócrates não há separação as ideias das coisas materiais. São do pensamento de Sócrates a determinação dos conceitos universais e o método indutivo de investigação.

As investigações socráticas questionavam sobre os conceitos universais: O que é a coragem? O que é a piedade? O que é o autodomínio? Com o desenvolvimento constante destes tipos de investigações aprofundando até chegar a determinação dos conceitos. Ele é certamente o fundador da filosofia conceitual. Sócrates dialogava, discutia

Muitas vezes chegava fazer as pessoas reconheceram os pontos fracos das próprias reflexões. O seu interlocutor reconhecia o que estava certo o que estava errado. Ele fazia com que as pessoas retirassem de si a própria verdade. O conhecimento que vem do interior é capaz de revelar discernimento verdadeiro. Usando uma ligada à sua mãe Sócrates pretendia fazer o parto da verdade que estava dentro de seus interlocutores. Outra forma interessante de mostrar o caminho do verdadeiro é dizendo que não sabia. Desta forma expunha muita gente ao riso do público. Com sua ironia, procurando afirmar que nada sabia, conseguia expor as fraquezas do pensamento dos atenienses.

Ao afirmar não saber de nada forçava os atenienses a usar a razão. Este método da dúvida (Sei que nada sei) e o procura de uma verdade universal (conceito), foram objetivos de Sócrates. O fato de não saber incomodava Sócrates impelindo-o para o conhecimento. O filósofo neste sentido é aquele que reconhece que nada sabe e não se acomoda com o que diz saber.

O verdadeiro filósofo não é aquele que vive se vangloriando dos conhecimentos, mas o que inteligentemente sempre o busca. Sócrates buscava um fundamento para o conhecimento seguro, usando a razão humana como alicerce. Na moral Sócrates sustenta um intelectualismo caracterizado pela indicação: quem conhece o bem só pode agir bem; quem age mal o faz por ignorância. Ele não tolerava a injustiça, e desconfiava de quem detinha o poder na sociedade. Não aceitava a ideia de que as pessoas pudessem ser condenadas à morte. Assim como o pensamento dos sofistas, Sócrates se preocupava com a vida das pessoas, fazendo-as refletir sobre suas vidas e seus costumes, sobre o bem e o mal.

Foi condenado à morte aos setenta anos por causa das suas ideias. Acreditava que sua consciência e a verdade eram mais importantes do que sua própria vida.
Bibliografia:

Jaeger, W., Paidéia: A formação do homem grego, Martins Fontes, 2003.
Gaarder, Jostein, O Mundo de Sofia, Cia. da Letras, 1995.
Morra, G., Filosofia para Todos, São Paulo, Paulus, 2001.
Reale, Giovanni, Antiseri, Dario, História da Filosofia, Vol. 1, São Paulo, Paulus, 1990.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Marxismo

É o conjunto de ideias sociais, políticas e econômicas estabelecidas pelo pensamento de Karl Marx e Friedrich Engel. Em continuidade foram desenvolvidas por outros autores como Lukács, Gramsci.

A vida social foi minuciosamente analisada por Marx: temas como luta de classes (entre burguesia e proletariado) e mais valia (valor a mais que um produto tem e que o capitalista acumula para si).

Marx iniciou com a análise dialética, fruto do pensamento de Hegel. No entanto, criticou Hegel, sugerindo que a filosofia não tivesse somente o papel de interpretar a realidade, mas também de transformá-la. Ele criticou o socialismo utópico dos franceses e a teoria econômica dos ingleses. Valorizou o aspecto histórico ao afirmar que o ser humano se faz a partir do seu trabalho.

Ao identificar que é um ser produtivo, o ser humano passa a ter consciência de si e do mundo. "A história é o processo de criação do homem pelo trabalho humano". Temos então uma nova visão do ser humano, ele não é mais fruto do acaso ou destino e sim produto de si mesmo.

No materialismo dialético marxista a vida e a consciência são frutos da matéria em evolução. No materialismo histórico os fenômenos históricos e sociais são fruto do modo de produção. Nada é ou pode ser se não for identificação com a matéria. Tudo nela se inicia e à ela retorna.

A crítica marxista tem proporcionado diversas interpretações a diversos campos: na literatura, na filosofia e especialmente no que se refere às ciências sociais - história, sociologia, política, economia, etc.

Fundado nesta maneira de pensar podemos entender aspectos da vida social como a pobreza, golpes de estado, ditadura militar, desemprego e miséria.

Bibliografia:
* http://www.brasilescola.com/sociologia/conceitos-marxismo.htm
* http://www.istendency.net/pdf/howorks.pdf
* http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo
* http://www.vestibular1.com.br/revisao/marxismo.doc

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Do mito à filosofia

O mito não tem aqui uma conotação usual de fábula, lenda, invenção ou ficção, mas é um relato de um acontecimento ocorrido no tempo primordial mediante a intervenção dos entes sobrenaturais. Ele é uma representação coletiva, transmitida através das gerações e que relata uma explicação do mundo.

O mito relata o mundo da realidade humana, mas cuja essência é uma representação coletiva, que chegou até nós através de gerações. Roland Barthes define o mito como “uma verdade que esconde outra verdade.”

Nas civilizações primitivas, o mito desempenha uma função indispensável: Ele exprime , exalta e codifica a crença, salvaguarda e impõe os princípios morais, garante eficácia de rituais e oferece regras práticas para a orientação do homem.

Não é fácil traçar uma fronteira temporal do momento em que surge o pensamento racional. Passaria provavelmente pela epopeia homérica. No entanto nela é tão estreita a interpretação do elemento racional e do pensamento mítico que mal se pode separá-los. Uma análise da epopeia, a partir deste ponto de vista, nos mostraria quão cedo o pensamento racional se infiltra no mito e começa a influenciá-lo. Em todas as partes da ‘Teogonia’ de Hesíodo reina a vontade expressa e uma compreensão construtiva e uma perfeita coerência na ordem racional, embora que a sua cosmologia ainda apresente pujança mitológica.

O início da filosofia não coincide nem com o princípio do pensamento racional nem com o fim do pensamento mítico. Há mitologia nas idéias de “alma” de Platão e do Motor imóvel de Aristóteles.

Os pensadores originários (Séc.VI a.C.) se perguntaram: sobre o que será o fundo inesgotável do qual tudo procede e do qual tudo regressa? Tales julga que é a água, que evapora e se transforma em ar ou se congela , e por assim dizer, se petrifica em sólido. Anaxímenes sustenta que o princípio é o ar e não a água e é a partir dele que antes de tudo procura explicar a vida. O ar domina o mundo como a alma domina o corpo; e a própria alma é ar, sopro, pneuma. O princípio originário que Anaximandro estabelece é o ilimitado (ápeiron) mostrando audácia em ultrapassar as fronteiras da aparência sensível.

Estes pensadores originários estavam dominados pelo prodigioso espetáculo da geração e corrupção das coisas.

Bibliografia:
Brandão, Junito de Sousa. Mitologia Grega, Petrópolis, Vozes, 1997. (págs. 36ss)
Jaeger, Werner. Paidéia: A Formação do Homem Grego, Martins Fontes, 1989. (Págs. 132ss)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Quadro cronológico

Séc VII a.C.
624 a.C. - Nascimento de Tales de Mileto
611 a.C. - Nasce Anaximandro
Séc VI a.C. Séc V a.C. Séc IV a.C.
586 a.C. Nascimento de Anaxímenes
580 a.C. Nascimento de Pitágoras de Samos
570 a.C. Xenófanes de Cólofon
540 a.C. - Nasce Parmênides de Eléia
535 a.C. - Nasce Heráclito de Éfeso
510 a.C. - Nasce zenão de Eléia
490 a.C. - Nascimento de Melisso de Samos
460 a.C. - Nasce Demócrito de Abdera
469 a.C. - Nasce Sócrates
427 a.C. Nascimento de Platão
399 a.C. - Morte de Sócrates
384 a.C. - Nasce Aristóteles em Estagira
347 a.C. - Morte de Platão
332 a.C. Nascimento de Zenon de Cício
323 a.C. - Morte de Diógenes de Sinope
322 a.C.- Morte de Aristóteles
Séc III a.C. Séc II a.C. Séc I a.C.
219 a.C. - Nasce Carnéades em Cirene 106 a.C. - Nascimento de Cícero

20 a.C. - Nasce Fílon de Alexandria

Séc I d.C. Séc II d.C. Séc III d.C.
4 d.C. - Nascimento de Sêneca

121 d.C. Nasce Marco Aurélio
150 d.C. Nasce Clemente de Alexandria

Justino o Martir

185 - 253: Orígenes de Alexandria

204 d.C. - Nascimento de Plotino
Séc IV d.C. Séc V d.C. Séc VI d.C.

330-390: Gregório Nazianzeno

331-379: Basílio de Nissa

335 - 394: Gregório de Nissa

354 d.C. Nascimento de Santo Agostinho

480 d.C. - Nasce Boécio

Dionísio Pseudo-areopagita

560 d.C. - Nasce Isidoro de Sevilha

580 - Nasce Máximo o Confesor

Séc VII d.C. Séc VIII d.C. Séc IX d.C.

662 - Morte de Máximo o Confessor.

674 d.C. - Nascimento de Beda, o Venerável

675 - Nasce João Damasceno

730 d.C. - Nascimento de Alcuíno de York

749 - Morte de João Damasceno

847 d.C. - Nasce Escoto Eriúgena
Séc X d.C. Séc XI d.C. Séc XII d.C.
980 d.C. - Nasce Avicena 1033 d.C. Nasce Santo Ancelmo
1079 d.C. Nasce Abelardo
1126 d.C. - Nasce Averróis
Séc XIII d.C. Séc XIV d.C. Séc XV d.C.
1206 d.C. - Nasce Alberto Magno
1221 d.C. - Nasce Tomás de Aquino
1280 d.C. - Nasce Guilherme de Ockham
1320 d.C. - Nasce joão Wyclif
1369 d.C. - Nasce João Huss
1440 d.C.- Nasce Nicolau de Cusa
1463 d.C. - Nasce Ficino
1469 d.C. - Nasce Maquiavel
1466 d.C. - Nasce Erasmo
1483 d.C. - Nasce Lutero
Séc XVI d.C. Séc XVII d.C. Séc XVIII d.C.
1533 d.C. - Nasce Montaigne
1568 d.C. - Nasce Campanella
1588 d.C. - Nasce Hobbes
1561 d.C. - Nasce Bacon
1596 d.C. - Nasce Descartes
1623 d.C. - Nasce Pascal
1632 d.C. - Nasce Spinoza e Locke
1646 d.C. - Nasce Leibniz
1668 d.C. - Nasce Vico
1686 - Nasce Montesquieu
1694 - Nasce Voltaire
1711 - Nasce Hume
1712 - Nasce Rousseau
1713 - Nasce Diderot
1724 - Nasce Kant
1738 - Nasce Beccaria
1743 - Nasce Jacobi
1762 - Nasce Fichte
Séc XIX d.C. Séc XX d.C. Séc XXI d.C.
1806 - Nasce J.S. Mill
1804 - Nasce Feuerbach
1813 - Nasce Kierkegaard
1820 - Nascem Spencer e K. Marx
1828 - Nasce Piaget
1833 - Nasce Dilthey
1839 - Nasce Pierce
1844 - Nasce Nietzsche
1848 - Nascem Wittgenstein e Windelband
1859 - Nascem Bergson e Husserl
1866 - Nasce Croce
1872 - Nasce Russell
1889 - Nasce Martin Heidegger
1900 - Nascem Gadamer e Gilber Ryle
1902 - Nasce Karl Popper
1903 - Nasce Adorno
1905 - Nascem Sartre e Mounier
1908 - Nasce Merleau-Ponty
1918 - Nascer Althusser
1922 - Nasce Lakatos
1925 - Nasce Gilles Deleuze
1926 - Nasce M. Foucault
1929 - Nasce Jürgen Habermas
1930 - Nasce Jacques Derrida
1931 - Nasce Richard Rorty
2004 - Morre jacques Derrida

Bibliografia:

Marcondes, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a wittgenstein, 6ª ed., Rio de Janeiro, 2001.
Reale, Giovanni, Antiseri, Dario. História da Filosofia: Antigüidade e Idade Média,São Paulo: Ed. Paulus, 1990. [v.1]
Reale, Giovanni, Antiseri, Dario. História da Filosofia: Do humanismo à Kant, São Paulo: Ed. Paulus, 1990. [v.2]
Reale, Giovanni; Antiseri, Dario. História da Filosofia: Do Romantismo aos nossos dias. São Paulo: Ed. Paulus, 1991. [v.3]

História da Filosofia

A História da Filosofia refere-se ao processo histórico dos filósofos. Fazemos aqui referência à filosofia Ocidental, portanto, desde os pensadores gregos que estão na origem desta filosofia.

Aristóteles remete-nos à Tales de Mileto como o pensador que iniciou a filosofia. É claro que a História da Filosofia já com uma feição absolutamente clara aparece nos textos de Platão. Antes disso, não havia muita discussão em torno do significado da palavra filosofia, ao que provavelmente Pitágoras respondeu que ela seria "amor à sabedoria". Uma referência interessante aparece nos textos de Diógenes. Ele cita alguns textos diretamente e outros de forma indireta, elaborando uma verdadeira História da Filosofia.

Tabela da História da Filosofia
Filosofia Antiga:
Inclui a filosofia grega
entre os séculos VII a.C até o séc IV d.C.,
no início da Filosofia cristã.
Filosofia Medieval:
Época que compreende o final do
séc. IV ao séc. XIV
Filosofia Renascentista:
Final do séc. XV
ao séc. XVI.
Filosofia Moderna:
Final do séc. XVI
ao séc. XVIII.
Filosofia Contemporânea: Início do séc. XIX
aos dias atuais.

  1. Filosofia Antiga

    1. Pré-socráticos
      1. Filosofia da Natureza
    2. Sofistas
    3. Três Grande pensadores
      1. Sócrates
      2. Platão
      3. Aristóteles
    4. Época Helenística

  2. Filosofia Cristã

    1. Patrística Grega
    2. Patrística Latina

  3. Filosofia Medieval

    1. Escolástica
    2. Tomismo

  4. Filosofia da Renascença

    1. Humanismo
    2. Política

  5. Filosofia Moderna

    1. Empirismo
    2. Racionalismo
    3. Idealismo
    4. Iluminismo
    5. Positivismo

  1. Filosofia Contemporânea

    1. Marxismo
    2. Fenomenologia
    3. Existencialismo
    4. Filosofia da Existência
    5. Hermenêutica
Lembremos que isto é somente um esquema de pensamentos escolhidos a partir da filosofia Ocidental.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Fenomenologia

Filosofia iniciada por Edmund Husserl, no início do século XX. Muitos pensadores reconhecem ser adeptos da fenomenologia. Entre eles Scheler, Hartmann, Marcel, Levinas, Ricouer, Zubiri, Gadamer e Heidegger. Sartre chegou a afirmar que a fenomenologia de Husserl nos deu tudo. Seu pensamento foi considerado fecundo e fundamental. Seu esforço foi de tentar explicar uma intuição genial. Certamente ele a teve quando percebeu que não há como compreender o homem sem o mundo e o mundo sem o homem. Seu trabalho não concluiu esta tarefa, mas na verdade apontou para ela.

Há diferentes formas de interpretar a fenomenologia. Uma delas pretende ser método de elaboração de uma filosofia como ciência das essências (ciência eidética). Assim, Husserl se interessa objetivamente pela relação homem-mundo. Sua intenção é tentar alcançar uma ciência a priori que supere concepções psicologistas e logicistas. Para isto ele inicia com a noção de intencionalidade da consciência, onde a consciência é sempre em relação a algo. Seu objetivo seria chegar às coisas mesmas, ver intelectualmente, chegando a alcançar o eidos (essência) das coisas. Tal método chamou-se redução eidética. Isto define este retorno às coisas mesmas para descrever variações e alcançar sua essência. Tal compreensão é fruto da experiência humana.

Bibliografia

Sánchez, Jesús Antonio Serrano. (Org.) Filosofía actual: en perspectiva latinoamericana, San Pablo: Bogotá, 2007.

Lógica

Apesar da palavra lógica ter surgido somente na Idade Média com o significado que temos hoje, Aristóteles fazia referência a ela, chamando-a de Analítica.

Com o tempo o estudo da lógica tomou importância fundamental para o entendimento das questões linguísticas e matemáticas. No ramo da elaboração filosófica é possível que Zenão de Eleia, ao criar argumentos aparentemente confusos tentando superar o argumento dos outros reduzindo-os ao absurdo, tenha criado aí a lógica.

Parmênides e Heráclito, que representam duas das primeiras grandes manifestações do pensamento filosófico, procuram desvendar a realidade de forma diversa. Parmênides afirmava que o ser era imóvel e a realidade, portanto, só poderia ser da mesma forma. Heráclito dizia que a realidade é constituída de movimento, e o ser só tem sentido enquanto se movimenta (o devir). Platão faz referência a eles em sua lógica dialética.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Filosofia antiga - os Pré-socráticos

Estes pensadores deram origem à filosofia. Preocuparam-se, através do espanto e da admiração, em desenvolver crítica e tornar possível o conhecimento. A filosofia neste começo não pode ser considerada menos evoluída, isto porque os filósofos formularam questionamentos, que ainda hoje orientam a filosofia. O ser é seu tema central. Perguntavam-se sobre o mundo das coisas em si mesmas e estavam preocupados com o movimento da realidade.

A manifestação deste tipo de pensar diverge do senso comum, o que não o torna superior ou substituto deste. É possuidor de um diferencial, a estruturação racional do pensamento.

Esquema destes primeiros pensadores, que foram chamados de Pré-socráticos (séc. VI a.C.):

  • Tales – Concebia como princípio originário das coisas a Água.
  • Anaximandro – O princípio é o Apeíron (Ilimitado).
  • Anaxímenes – O princípio e o Ar.
  • Heráclito – princípio mais complexo tendo como temas principais o fogo, o Ser e o Movimento.
Para aprofunda mais ...

Proposta do blog

Nossa proposta para um blog falando sobre filosofia é apresentar alguns tópicos. A partir deles ir construindo outras ideias sobre o assunto.
Como a filosofia tem que estar sempre em construção, os tópicos apresentados deverão suscitar ideias para reelaborações e ajudar na compreensão de textos filosóficos.
Nossos textos serão reelaborados constantemente. Podemos partir de um autor/autora, de um tema ou época.

domingo, 3 de abril de 2011

Cosmologia

Observemos alguns conceitos, os quais retiramos do Dicionário de Filosofia de N. Abagnano:
  1. “Ciência do mundo e do universo em geral enquanto é um ente composto e modificável.” (Wolff, C. Generalis, 1731);
  2. “A idéia cosmológica é a idéia do mundo como totalidade absoluta das coisas existentes”. (Kant, Crítica da Razão Pura,);
  3. “Fases da Cosmologia: 1. A fase da passagem do mito para a especulação, 2. A fase clássica da cosmologia geocêntrica e finitista; 3. Moderna, heliocêntrica; 4. A fase contemporânea caracterizada por várias alternativas de interpretação." (Abagnano)
A Cosmologia enquanto "afastamento dos mitos e tentativa de encontrar uma explicação racional do mundo natural" (Abagnano) apresentam as seguintes escolas:

1. Os pré-socráticos: ensaiaram as primeiras teorias explicativas do mundo natural;
  • Os milésios: explicavam o universo em sentido prático-místico.
  • Os Pitagóricos: entenderam o mundo como um cosmos (o mundo ordenado) objetivo, exprimível matematicamente. Com Filolau (séc. V a.C.) rejeitou-se a teoria teocêntrica, tendo pela primeira vez uma concepção heliocêntrica da terra, defendidas posteriormente por Heráclides Pôntico e Aristarco de Samos (Séc III).

2. Fase da astronomia clássica e da filosofia da Natureza:
  • Platão: entendia o cosmo como reflexo do mundo das ideias;
  • Aristóteles: fundamentou suas explicações do universo nos pré-socráticos avançando para um entendimento empírico do mundo.
3. Fase crítica à concepção clássica: Final da Idade Média.
  • Ockham: Concebia a infinitude do mundo e a possibilidade da existência de outros mundos;
  • Giordano Bruno: Conexão entre infinitude do mundo e a astronomia heliocêntrica;
  • Newton: Concepção de um mundo matemático;
4. Fase do mundo finito, mas não limitado: Metade do século XX.
  • Uso dos grande telescópios;
  • Einstein: O espaço do universo é elíptico;
  • Hubble: As nebulosas extra-galácticas distribuídas pelo espaço de modo uniforme e homogêneo;
  • Eddington e Lamaitre: Modelo dinâmico do universo. O universo está em expansão;

Referências:
Abagnano, Nicola. Dicionário de filosofia, tradução coordenada e revista por Alfredo Bosi, São Paulo: Mestre Jow, 1985.